quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

São Silvestre



     A três dias da São Silvestre, prova mais tradicional de corrida do país, da qual participam com o mesmo entusiasmo atletas profissionais, amadores e aspirantes, parece ser o momento oportuno para aliar ao treinamento a prática de Pilates. Para quem já pratica Pilates, o trabalho continua com o fortalecimento equilibrado de todo o corpo, o alongamento e a organização da postura, entre outros benefícios. Mas, para os aspirantes a corredores, que vão participar pela primeira vez da prova, será de grande valia observar alguns pontos importantes para que a experiência seja positiva e desfrutá-la ao máximo, sem desconfortos ou tensões desnecessárias.

   Poucos meses antes da prova são suficientes para se perceber algumas mudanças no corpo e iniciar o processo de conscientização da utilização correta dos músculos da cintura escapular – responsáveis pelas tensões em ombros e pescoço, que acontecem de forma frequente, principalmente com iniciantes. Essas tensões, além de desnecessárias, prejudicam o rendimento do corredor, pois é comum o aparecimento de dores ao longo da prova que, somadas ao cansaço geral, criam ainda mais ansiedade e desconforto, gerando compensações em outras partes do corpo.

    Com a prática de Pilates é possível reconhecer rapidamente a organização correta dessa região e, através de exercícios, fortalecer e equilibrar a musculatura da cintura escapular, gerando a liberação de tensões, melhorando a consciência corporal para o reconhecimento de padrões de movimento indesejados, evitando assim que os mesmos se instalem no dia a dia e, principalmente, no momento da prova. O controle da respiração, despertando a consciência para a respiração completa com total amplitude da caixa torácica na inspiração e o correto acionamento da musculatura abdominal na expiração é outro benefício da prática de Pilates para o corredor.

    A respiração, o acionamento correto do centro de força e o fortalecimento da musculatura abdominal dão o suporte necessário para a manutenção da postura correta durante a prova. O fortalecimento de forma equilibrada dos músculos do tronco mantém a organização correta do corpo, possibilitando que os membros superiores e inferiores realizem seu trabalho de coordenação e equilíbrio com mais fluência e controle.

   Outra particularidade a ser trabalhada nesse período é o alinhamento, fortalecimento e alongamento dos membros inferiores, os mais solicitados durante o percurso. Os equipamentos como a Cadilac, o Reformer e a Chair são os mais indicados nesse momento, pois ajudam a executar os movimentos de forma controlada, precisa e ajudam na propriocepção do corpo e seu posicionamento no espaço, além de fortalecer de forma equilibrada e alongar a região.

   O trabalho deve manter-se fiel aos princípios do método, visando um exercício integrado de todo o corpo, com ênfase nos aspectos acima descritos. Concentrando-se nessas informações básicas, o corredor poderá realizar o percurso de 15 km de uma forma mais consciente e terminá-la sem fadiga excessiva e, principalmente, sem lesões.

   Além do treinamento de condicionamento físico, que deve ser a tônica de sua preparação, esse suporte através dos exercícios de Pilates pode trazer maior controle da ansiedade, maior percepção do próprio corpo e de suas condições no momento da prova, inclusive para respeitar o seu limite, caso identifique que ainda não está preparado para completar todo o percurso no ritmo imaginado.

   Finalmente, além do conhecimento do trajeto, que este ano sofreu alterações pela mudança na chegada, o conhecimento de si mesmo é essencial para estabelecer objetivos possíveis de serem alcançados sem prejuízo da integridade de músculos e sistemas do corpo.

   Boa prova!


*Por Suely Tambalo, educadora física e professora do CGPA Pilates®.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Não se esqueça dos membros superiores




    A parte de cima do corpo também sofre com os impactos da corrida. Saiba como o Pilates pode ser útil para o desenvolvimento desta área e como isso melhora seu desempenho nas ruas.



    Foco das atenções da maioria dos corredores, e não sem razão, os membros inferiores, de fato, são os que recebem a maior sobrecarga durante a corrida. A correta distribuição das forças e a absorção do impacto sobre pés, pernas e quadris ameniza o impacto recebido pela coluna lombar, minimizando os efeitos do movimento repetitivo.

    Mas nesse momento proponho um olhar diferente para outra parte importante, que muitas vezes recebe menos atenção nos treinos e até mesmo durante a corrida: a parte superior do corpo, por se contrapor ao movimento de pernas e quadris, é responsável pela manutenção do equilíbrio, o que, por si só, já é motivo suficiente para sua atenção.

    A região dos ombros, braços, pescoço e cabeça formam um conjunto que deve estar não apenas forte e alongado, mas equilibrado e livre de tensões.

   A organização escapular é de suma importância, pois o desequilíbrio dos músculos dessa região resulta em encurtamentos que podem levar o tronco à frente, aumentar a cifose torácica acarretando a perda da postura e o aparecimento de dores nos ombros, pescoço e cabeça.

    O movimento da escápula tem relação direta com os movimentos do úmero, o que é chamado de ritmo escápuloumeral. Tão importante quanto trabalhar e desenvolver a força dos braços (bíceps, tríceps) é manter equilibrados os músculos estabilizadores das escápulas (rombóides, latíssimo do dorso, subescapular, trapézio, levantador da escápula, serrátil anterior e peitoral menor).



   Este trabalho delicado deve ser realizado através de alongamentos e fortalecimento específico, sempre com carga reduzida e sob a vigilância atenta de um professor, já que a possibilidade de ocorrerem movimentos compensatórios nos ombros e pescoço é grande, durante a realização dos exercícios.

    Por outro lado, a coluna torácica relaciona-se com a escápula através das costelas, podendo realizar rotações que também regulam o ritmo escapulo umeral e glenoumeral, para ajustar o tronco e a cintura escapular, durante os movimentos.

    É, portanto, de fundamental importância manter a mobilidade da coluna torácica, pois esse conjunto trabalha intrinsecamente ligado, sendo que o desequilíbrio muscular de um componente afetará o outro inevitavelmente.




Ajuda do Pilates



    No método Pilates o trabalho dessa região é feito de maneira natural, através de exercícios que restabelecem a mobilidade natural da coluna e trabalham as articulações respeitando sua amplitude adequada. A articulação glenoumeral, de característica móvel, deve ser trabalhada em seu limite adequado, pois é facilmente sujeita a luxação.

   Os rolamentos do tronco com ou sem assistência, os movimentos dos membros superiores realizados nos equipamentos, como Cadillac (utilizando as molas) ou na Reformer (utilizando as tiras), oferecem tanto a amplitude quando a resistência adequada para que o ritmo escápuloumeral seja respeitado e, simultaneamente, os braços sejam fortalecidos e alongados.



   A perda da mobilidade da região torácica pode acarretar dores tanto nos ombros, na cervical, como também na região lombar. Com a cabeça bem posicionada sobre a cervical, numa postura adequada, tanto a cervical quanto os ombros aliviam e distribuem melhor a tensão, aumentando a disposição e a resistência ao cansaço.

   Tudo isso pode ser trabalhado de uma forma eficiente e agradável nos equipamentos de Pilates, naturalmente desenhados para garantir proteção às articulações e preservar os espaços necessários pra que elas trabalhem com amplitude e segurança.

    Como se pode ver, devemos sempre ter em mente a integração de todo o corpo, nunca trabalhando apenas movimentos ou grupos musculares isolados, mas mantendo a atenção em cada um de seus segmentos e dando a eles a atenção adequada.

    Com certeza, muitas de nossas queixas serão mais facilmente eliminadas se, ao invés de nos concentrarmos somente no local da dor, pudermos olhar o corpo de forma mais integrada, pois uma lesão é sempre consequência de um desequilíbrio que ocorre muitas vezes num local distante de onde a dor se manifesta.

    Por isso, o método Pilates é tão eficaz quanto seguro, pois tem como primeiro princípio considerar o homem na sua totalidade, corpo, mente e espírito.

    Bons treinos!



* Por Suely Tambalo (texto publicado http://o2porminuto.uol.com.br/)

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Ron Fletcher, 29 de maio de 1921 - 6 de dezembro de 2011



(texto de Ron Fletcher Company )


The Pilates world lost one of its great visionaries with the passing today of Ron Fletcher.

Born in 1921, in tiny Dogtown on the Missouri-Arkansas border, from the very beginning Ron's sights were set on the far horizon. Late in his teens, with little formal education and nothing more than a few dollars, a beat-up suitcase and a heart full of dreams, he left the rural south for the lights - and the promise - of New York City.

At first, he found work writing ad copy and taking odd jobs. But a chance attendance at a Martha Graham dance concert changed his life's trajectory and led him to the first of his major callings - dance. With zero formal dance training, but with equal parts certainty, confidence and determination, Ron was able to persuade the indomitable Martha Graham to accept him into her dance company. Working with her - and later with the great visionary choreographer, Yeichi Nimura - Ron found two of the major creative influences in his life. During this period, a nagging knee injury led him to the third - Joseph and Clara Pilates.

Through an illustrious 30-year professional career at the highest levels of the entertainment industry, which included choreography for major Broadway productions, Hollywood movies, the International Ice Capades and nightclubs and cabarets from Chicago to Paris to New Orleans, Ron's work with Joseph and Clara Pilates was a constant to which he returned year after year. Through the travails and vicissitudes of the entertainment industry, as well as through the intense personal challenges of alcoholism, Ron Fletcher continued to work with and learn from the Pilateses. They were his teachers and mentors and he their disciple and protege. From 1968 to 1971 - following Joseph Pilates' death - Ron studied with Clara Pilates as he began to forge the idea that would engage him for the rest of his life - the development, evolution and dissemination of the Pilates method.

In 1971, in a move largely credited with preserving Pilates for the world to experience, Ron opened the first Pilates studio on the west coast, in Beverly Hills, California. Once there, he was hailed by the local and national press as a fitness guru and the publicity he received upon opening his studio was nothing short of phenomenal. In 1978, he published his now-famous book, "Every Body is Beautiful" to rave reviews. And, as Clara Pilates had encouraged him to do, he continued to develop the Pilates method, incorporating into it revolutionary concepts and techniques such as Percussive Breathing, Fletcher Towelwork, Floorwork and Barrework.

In 2003, Ron authorized and endorsed The Ron Fletcher Program of Study, a comprehensive curriculum and school developed to disseminate his unique vision of the Pilates method. The Program of Study received formal state licensure in 2007 and is currently taught at 5 campuses in the United States, as well as in 8 countries around the world.

Ron Fletcher was a generous and spirited teacher, a hands-on mentor, a gifted soul with the heart of a lion, and a master teacher uniquely guided by the graces of his divine higher power. As he was loved by others, so too did he love deeply in return. His clear blue eyes never ceased to twinkle, his sharp mind never failed him and he was alert and articulate to the very end. We who knew and loved him best will miss him deeply and we wish him godspeed and good graces on the side to which he now has passed.

A memorial service is planned for May 5, 2012 in Tucson, Arizona. Per Ron's request, donations can be made, in his memory, to your favorite animal charity or cause.