segunda-feira, 31 de maio de 2010

Autoconhecimento através do Pilates



Todos nós gostamos de desafios e precisamos deles para dar sentido à vida. Os desafios implicam na superação de nossos limites, no desejo de nos ver mais capazes e cada vez mais competentes.
Mas para atingir nossos objetivos devemos planejar e, progressivamente, desenvolver habilidades e adquirir competências que nos permitam alcançar o sucesso.
Bastante óbvio, não? Então, por que tantos atletas às vésperas de uma competição importante, após meses de preparação, se lesionam e ficam impossibilitados de realizar seu sonho, adiando muitas vezes por mais um ano a conquista do tão sonhado objetivo?
Nosso imediatismo e um autoconhecimento limitado formam os ingredientes necessários para sabotar todo planejamento de treino e todo esforço que despendemos durante meses, em busca do condicionamento ideal.
Não basta só treinarmos de acordo com os princípios da fisiologia, da biomecânica, temos que ouvir o que nosso corpo nos diz, prestar atenção às nossas reações e realmente respeitar o nosso próprio funcionamento.
O processo de treinamento se realizado dessa forma, é uma ótima oportunidade de autoconhecimento, com atenção e cuidado, sem nos impormos sofrimento e lesões.
Mas esse autoconhecimento não é fácil. Nem sempre estamos dispostos a nos aceitar como somos, realmente observar em que ponto estamos e do que precisamos. A dor então, às vezes inevitável, deve ser nossa preciosa aliada para identificarmos quando estamos passando da conta ou precisamos modificar algo em nosso treino.
Nesse momento do ano, em que muitos corredores aproximam-se do auge do condicionamento, prestes a realizar a prova mais importante da temporada, é ainda mais importante conter a ansiedade e não perder o foco, colocando em prática tudo que observou e aprendeu a seu respeito durante a temporada de treinamento.
Nesse aspecto, além do fortalecimento, alongamento e do alinhamento postural proporcionado pela prática equilibrada dos exercícios de Pilates, o que mais vai auxiliar o corredor é o controle e a consciência desenvolvida durante todo esse processo.
Joseph Pilates desenvolveu seu método baseado principalmente na observação da movimentação dos animas, no estudo de anatomia e do movimento humano, na prática de diversas modalidades esportivas ocidentais e orientais reunindo o melhor das duas abordagens em um só método, sempre com o objetivo de desenvolver ao máximo nossa potencialidade, superando nossos limites e garantindo a saúde com harmonia, fluência e equilíbrio.
Joseph Pilates era contra os exercícios e os esportes que não respeitavam os limites articulares, que impunham ao corpo esforços impossíveis de serem mantidos por toda a vida.
Movimentos controlados e precisos são mais econômicos, não geram tensões desnecessárias e praticamente eliminam a possibilidade de lesão, pois são realizados com consciência e segurança.
A força e o foco adquiridos com a pratica de Pilates e o desenvolvimento da respiração completa relaxa os músculos e a mente, nos deixa mais atentos e nos mantêm por mais tempo no controle de nossas ações.
Evoluir com responsabilidade e segurança, sabendo-se bem preparado para enfrentar os desafios é a forma mais saudável de autoconhecimento e superação de nossos limites; e o método Pilates é uma ferramenta preciosa para nos auxiliar nessa conquista.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Como o Pilates pode ajudar na corrida


Há alguns meses venho discorrendo sobre os benefícios da prática de Pilates e de sua aplicação no treinamento de corredores. Mais do que um complemento para a corrida, Pilates é, por si só, uma prática completa para o condicionamento físico e mental.
Sua abordagem única trabalha o corpo como um todo, integrado através da respiração, do controle e fortalecimento do centro de força (região abdominal responsável pela manutenção da boa postura), da consciência de todas as partes do corpo e de sua dissociação do tronco.
Promove desta forma, uma movimentação eficiente e sem compensações musculares, que podem levar não só a tensões desnecessárias como a lesões, fortalecendo e alongando o corpo de forma equilibrada e respeitando os limites articulares e a biomecânica do corpo humano.
Por isso, estarei expondo nesta coluna alguns bons motivos para praticar Pilates, independente da prática corrida ou de qualquer outra modalidade esportiva.
O primeiro grande motivo é melhorar e manter o condicionamento físico, já que foi desenvolvido e praticado por Joseph Pilates ao longo de toda sua vida para manutenção e obtenção da saúde.
Por praticar as mais variadas técnicas corporais desde a infância, o treinamento de Joseph Pilates incorporou a filosofia ocidental do condicionamento físico, do desenvolvimento da força e da estética corporal às práticas orientais que dão mais ênfase à respiração, à consciência corporal, ao relaxamento e o desenvolvimento da flexibilidade, priorizando o autoconhecimento e o autocontrole.
Ao reunir numa única prática todos esses princípios, Pilates criou uma série de exercícios de baixo impacto nas articulações, com baixo número de repetições e alto grau de controle e precisão de movimentos, utilizando cargas que variam de meio a dois quilos, resistência de molas e o peso do próprio corpo. Desta forma, desenvolve-se a força sem prejuízo articular, sem causar hipertrofia exagerada, mantendo o corpo ao mesmo tempo forte, com a musculatura equilibrada, tanto esteticamente como fisiologicamente.
A prática da respiração aliada à execução dos movimentos aumenta a capacidade respiratória, melhora a oxigenação sanguínea, estabelece um ritmo e uma consciência maior de cada parte do corpo que está sendo movimentada, além de acalmar a mente ajudando na melhora da concentração e manutenção do foco.
A seqüência de movimentos criada por Joseph Pilates deve ser executada num ritmo específico e vai incorporando ao longo do treinamento novos exercícios com grau mais elevado de dificuldade, porém, sem abandonar os exercícios básicos, aprendidos no início do trabalho. Essa sequência tem uma ordem precisa que contempla o trabalho de todos os grupos musculares que se alternam de maneira que, um ou uma série de exercícios do mesmo grupo seja compensada em seguida, através do trabalho de outro grupo muscular, como por exemplo: após a sequência de abdominais sempre haverá um os mais exercícios com a musculatura extensora do tronco.
Desta forma, existe um relaxamento ativo da musculatura trabalhada e um pequeno intervalo entre um exercício e outro para que se restabeleça o contato com o próprio corpo, relaxando possíveis tensões e permitindo que o próximo movimento seja realizado com total consciência e livre de compensações. Na medida em que o aluno vai progredindo no treinamento, consegue executar um maior número de exercícios, com maior controle e qualidade de execução, com nível maior de desafio e dificuldade. A melhora do condicionamento se dá pelo aumento do número de exercícios executados no mesmo período de tempo e não pelo aumento do número de repetições do mesmo exercício.
O método é eficaz tanto para pessoas sedentárias, pois permite que se adquira condicionamento de forma segura e gradativa, como para atletas no início da temporada de treinos e para pessoas em fase de reabilitação de alguma lesão. Pela grande variedade de exercícios e equipamentos do método, ele se encaixa em qualquer tipo de necessidade, em qualquer faixa etária, mostrando-se ao mesmo tempo uma prática desafiadora e prazerosa.
O objetivo maior de Joseph Pilates era conquistar a saúde e qualidade de vida através do cuidado e treinamento do corpo e da mente simultaneamente.

Por Cristina Abrami

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Pilates, aquecimento e alongamento





Na ginástica ou no treinamento tradicional, o aquecimento tem o objetivo de aumentar a temperatura do corpo para conseguir a ativação necessária para o inicio das atividades que serão desenvolvidas. O alongamento, às vezes, é realizado antes e/ou ao final do treino, dependendo dos objetivos daquela etapa de condicionamento.

Na prática de Pilates, o aquecimento e o alongamento são realizados de forma bastante diferente. O aquecimento no método Pilates tem o objetivo de conscientizar o praticante das condições de sua musculatura e de suas articulações naquele momento, identificar tensões e desequilíbrios, acalmando a mente e, desta forma, assumir o controle de seu próprio corpo.


Essa movimentação visa à mobilização das articulações que serão solicitadas, sua lubrificação e o controle e a estabilização das mesmas, para que durante os exercícios não ocorram movimentos compensatórios. É também nesta etapa que começa a ativação da musculatura profunda do Centro de Força (musculatura abdominal), juntamente com o controle da respiração.


Aos exercícios preparatórios de aquecimento, dá-se o nome de pré-Pilates. O alongamento por sua vez não ocorre necessariamente antes ou ao final da aula, já que durante o decorrer dos exercícios exige-se do praticante o máximo alongamento de cada musculatura simultaneamente ao trabalho de fortalecimento, com ou sem carga.


Pilates observou os movimentos dos animais e pôde constatar o quanto o alongamento naturalmente faz parte de sua rotina. Os exercícios da “Contrologia” (denominação que o próprio Joseph Pilates deu para o seu método) exigem esse alongamento e relaxamento constante.


Tanto assim que os nomes de alguns exercícios e sua movimentação remetem à movimentação característica dos animais, como o Cat (gato), Monkey (macaco), flying eagle (vôo da águia), Snake (cobra), por exemplo.


Entre um exercício e outro existe uma pequena pausa onde se desfaz tensões, iniciando o próximo movimento sem compensações. Os exercícios têm um ritmo próprio, fluente e constante e após uma série de exercícios que priorizam uma determinada musculatura (abdominais, por exemplo) são realizados outros que alongam e compensam a musculatura trabalhada, para que eles possam se recuperar enquanto outra musculatura será solicitada.


 
Em todas as sessões de Pilates sempre se trabalha a musculatura de todo o corpo, conseguindo desta forma uma sensação de harmonia e bem-estar, sentindo o corpo trabalhado, equilibrado e sem tensões.


Embora a aula seja realizada individualmente ou em pequenos grupos, onde o instrutor está atento a cada movimento do aluno, orientando e fazendo as correções necessárias, sempre se incentiva o comprometimento do praticante com seu auto-aperfeiçoamento. O instrutor auxilia o praticante no reconhecimento de seus padrões posturais e fornece os meios necessários para que ele adquira a consciência corporal necessária para realizar as mudanças no seu dia-a-dia, incentivando a autonomia.


O instrutor dá o feedback, aplica a técnica que por seus princípios já organizam o corpo, utiliza os equipamentos próprios do método que auxiliam tanto na propriocepção como na aquisição do alongamento e oferecem a resistência necessária para aumentar a força muscular, porém sem a participação consciente do praticante e seu comprometimento, não é possível a tão desejada mudança de atitude.


Portanto, força e alongamento devem caminhar lado a lado se desejamos um desenvolvimento uniforme de todo o corpo, não só para melhorar a postura e a desempenho no esporte ao qual nos dedicamos, mas - principalmente, para nos trazer saúde, vitalidade, prazer, harmonia e beleza nos movimentos do dia a dia.
 
 
 
Por Cristina Abrami (professora de educação física e diretora técnica do CGPA Pilates).