Na ginástica ou no treinamento tradicional, o aquecimento tem o objetivo de aumentar a temperatura do corpo para conseguir a ativação necessária para o inicio das atividades que serão desenvolvidas. O alongamento, às vezes, é realizado antes e/ou ao final do treino, dependendo dos objetivos daquela etapa de condicionamento.
Na prática de Pilates, o aquecimento e o alongamento são realizados de forma bastante diferente. O aquecimento no método Pilates tem o objetivo de conscientizar o praticante das condições de sua musculatura e de suas articulações naquele momento, identificar tensões e desequilíbrios, acalmando a mente e, desta forma, assumir o controle de seu próprio corpo.
Essa movimentação visa à mobilização das articulações que serão solicitadas, sua lubrificação e o controle e a estabilização das mesmas, para que durante os exercícios não ocorram movimentos compensatórios. É também nesta etapa que começa a ativação da musculatura profunda do Centro de Força (musculatura abdominal), juntamente com o controle da respiração.
Aos exercícios preparatórios de aquecimento, dá-se o nome de pré-Pilates. O alongamento por sua vez não ocorre necessariamente antes ou ao final da aula, já que durante o decorrer dos exercícios exige-se do praticante o máximo alongamento de cada musculatura simultaneamente ao trabalho de fortalecimento, com ou sem carga.
Pilates observou os movimentos dos animais e pôde constatar o quanto o alongamento naturalmente faz parte de sua rotina. Os exercícios da “Contrologia” (denominação que o próprio Joseph Pilates deu para o seu método) exigem esse alongamento e relaxamento constante.
Tanto assim que os nomes de alguns exercícios e sua movimentação remetem à movimentação característica dos animais, como o Cat (gato), Monkey (macaco), flying eagle (vôo da águia), Snake (cobra), por exemplo.
Entre um exercício e outro existe uma pequena pausa onde se desfaz tensões, iniciando o próximo movimento sem compensações. Os exercícios têm um ritmo próprio, fluente e constante e após uma série de exercícios que priorizam uma determinada musculatura (abdominais, por exemplo) são realizados outros que alongam e compensam a musculatura trabalhada, para que eles possam se recuperar enquanto outra musculatura será solicitada.
Em todas as sessões de Pilates sempre se trabalha a musculatura de todo o corpo, conseguindo desta forma uma sensação de harmonia e bem-estar, sentindo o corpo trabalhado, equilibrado e sem tensões.
Embora a aula seja realizada individualmente ou em pequenos grupos, onde o instrutor está atento a cada movimento do aluno, orientando e fazendo as correções necessárias, sempre se incentiva o comprometimento do praticante com seu auto-aperfeiçoamento. O instrutor auxilia o praticante no reconhecimento de seus padrões posturais e fornece os meios necessários para que ele adquira a consciência corporal necessária para realizar as mudanças no seu dia-a-dia, incentivando a autonomia.
O instrutor dá o feedback, aplica a técnica que por seus princípios já organizam o corpo, utiliza os equipamentos próprios do método que auxiliam tanto na propriocepção como na aquisição do alongamento e oferecem a resistência necessária para aumentar a força muscular, porém sem a participação consciente do praticante e seu comprometimento, não é possível a tão desejada mudança de atitude.
Portanto, força e alongamento devem caminhar lado a lado se desejamos um desenvolvimento uniforme de todo o corpo, não só para melhorar a postura e a desempenho no esporte ao qual nos dedicamos, mas - principalmente, para nos trazer saúde, vitalidade, prazer, harmonia e beleza nos movimentos do dia a dia.
Por Cristina Abrami (professora de educação física e diretora técnica do CGPA Pilates).
Nenhum comentário:
Postar um comentário