Como o Pilates pode ajudar a reconhecer seus limites e
ampliá-los de maneira consciente e segura.
Cada vez mais a vida nos exige o impossível. E o pior é que
acreditamos que podemos tudo e nos culpamos quando não damos conta dessa
demanda exagerada. Há muito tempo esse quadro se instalou na humanidade,
especialmente nos grandes centros urbanos. Apesar da evolução tecnológica, que
deveria nos deixar mais tempo livre, na realidade nos consome ainda mais.
Exigimos de nós mesmos mais e mais. Dormimos menos, restringimos ou descuidamos
da alimentação, enfim, as necessidades básicas de sono, alimento, descanso e
lazer têm cada vez menos espaço em nossas vidas. Consequência disso: ficamos
doentes, propensos a lesões, depressivos e sem energia.
Joseph Pilates já comentava essa síndrome da civilização em
seu livro de 1945 “O retorno a vida pela contrologia”. A motivação de seu
trabalho era criar um método em que seria possível ficar em forma para as
tarefas diárias através do entendimento do correto funcionamento do corpo.
Segundo Joseph Pilates, o equilíbrio do corpo e da mente fornece ao ser humano
civilizado as condições necessárias para atingir o objetivo de todos: “saúde e
felicidade”.
Ele dedicou a sua vida a estudos e pesquisas dos distúrbios que
prejudicam o equilíbrio do corpo e da mente e às aplicações práticas das leis
da natureza, não apenas na cura da doença, mas, essencialmente, em sua
prevenção.
“Embora se reconheça que nosso sistema moderno é
responsável, em maior ou menor grau, pelos males de saúde atuais, não se
pretende aqui indicar especificamente os culpados. (...) Nunca na história
tanto tempo e dinheiro foram gastos para atingir uma perfeição física normal do
que na era de hoje. Nunca as tentativas vãs para obter uma saúde normal foram
tão justificadas como hoje. .....Homens de negócios durante e após a guerra,
ficaram tão preocupados em acumular fortunas que acabaram não dedicando tempo
suficiente para cuidar da saúde. ”Joseph Pilates “ O retorno a vida pela
contrologia”
Como mudar
Parece familiar? Bem, temos algumas ferramentas para lidar
com isso. Primeiramente podemos nos permitir voltar a ser humanos e deixar de
lado nosso lado “mártir”. Será mesmo que a gente não tem tempo para se cuidar?
Fácil de dizer, difícil de fazer. Isso porque vivemos
cercados de artificialidade. A comida é industrializada, a locomoção
mecanizada, o ar é condicionado e o contato com outros seres humanos é cada vez
muito mais virtual do que pessoal. Estamos conectados com o mundo sem sair da
mesma posição: sentada. Aí, pra compensar isso, caímos de cabeça na malhação,
na busca do corpo perfeito (aquele que entortamos e negligenciamos, quando
estávamos sentados, sem consciência de sua existência).
Claro que temos que nos exercitar e a questão não é tanto o
que devemos fazer, mas COMO fazer isso de maneira eficiente.
Joseph Pilates, em seu sistema de exercícios utilizava
cargas de 0.5 a 2kg, e um máximo de 10 repetições de cada exercício. Ampliar
nossos limites sim, exaustão jamais. Isso nos faz pensar quanto tempo passamos
numa busca equivocada, exigindo demais do corpo, sem consciência de nós mesmos,
sem controle.
Moderação e regularidade. Hoje está cada vez mais claro que
esse é o caminho da boa forma e da saúde. Controlando a ansiedade em obter
resultados rápidos, maior serenidade, controle e segurança.
Um bom trabalho de Pilates nos ajuda a levar esses
princípios para a prática de qualquer outra modalidade esportiva, especialmente
a corrida. Aprendemos a nos mover com mais consciência, aprendemos como o corpo
funciona e nos desenvolvemos com maior naturalidade.
A energia movimentada numa aula de Pilates faz com que nos
sintamos mais dispostos, sentindo o corpo trabalhado, principalmente
musculaturas mais profundas que nem sequer tínhamos noção que existiam ou que
pudessem ser exercitadas!
Variar, proporcionar a si mesmo novos estímulos para o
corpo, para a mente e para o espírito é o que espero para todos nós nesse final
de ciclo e início de um novo ano. Despeço-me desse ano novamente citando as
palavras de Joseph Pilates em seu livro “O retorno a vida pela contrologia” e
seu desejo para todos nós:
“A autoconfiança e a consciência de que você possui a força
para atender aos seus desejos, com animado interesse pela vida, são resultados
naturais da prática da Contrologia. Assim nós alcançamos a felicidade, pois a
verdadeira felicidade não nasce realmente da percepção do valor do trabalho bem
feito, com a gratificação de desfrutar de outros prazeres decorrentes dessa
realização bem-sucedida, com a medida compensadora de “diversão” e conseqüente
relaxamento? Portanto, em sua busca louvável de tudo aquilo que está implícito
na trindade de atributos divinos, que apenas a Contrologia pode lhe oferecer,
damos não um adeus, mas um au revoir, com os votos sinceros de que seu esforço
resulte em um sucesso merecido, seguido de felicidade infinita para você e os
seus.” Joseph Pilates, 1945.
Muito bom.
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