sexta-feira, 23 de março de 2012

Pilates e a Tendinite





       Patologia comum entre os corredores, a tendinite pode ocorrer nos tendões de diversas articulações submetidas ao esforço repetitivo durante a corrida. Os problemas mais comuns nos praticantes deste esporte são as tendinites patelar, de pata de ganso, da banda ileo-tibial e do tendão calcâneo ou ainda a entesite (processo inflamatório que ocorre na transição entre o tendão e o osso, principalmente no joelho).

      Os tendões têm como principal função transmitir a força gerada pelos músculos aos ossos. A tendinite é a inflamação do tendão que pode ocorrer por várias causas: um trauma, calçados e pisos inadequados, mudanças no treino e aumento de sobrecargas e repetições.

      O mais comum, no entanto, são os desequilíbrios musculares originados pela falta de alongamento, flexibilidade ou força em algum grupo muscular ou conjunto de músculos, causando sobrecargas articulares que dão origem à lesões como fraturas por estresse, desgastes articulares e inflamações.

      Na corrida, é muito comum o desequilíbrio entre a musculatura anterior e posterior das pernas e coxas; o encurtamento decorrente de falta de alongamento e/ ou postura inadequada; erro de técnica com alterações biomecânicas no movimento; e até mesmo a falta de alinhamento congênita dos membros inferiores, como: genovalgo e genovaro.

      Esse quadro causa inchaço e tensão dos músculos próximos ao tendão lesionado limitando o movimento. Tendinites mal avaliadas e não tratadas adequadamente podem levar a uma degeneração do tendão que podem evoluir para uma ruptura do mesmo, necessitando nesses casos de tratamento cirúrgico.

      O Pilates pode atuar tanto na prevenção como na recuperação dessas lesões. O trabalho preventivo consiste no desenvolvimento equilibrado da musculatura de todo o corpo, inclusive na correção do alinhamento de membros inferiores, contribuindo com o aumento da flexibilidade, do alongamento e da força, uma melhora da postura, da concentração e da consciência; além do controle corporal.

      Na fase de recuperação da lesão, enquanto o tratamento analgésico e antiinflamatório contra indicam a movimentação, o treinamento de Pilates pode continuar, isolando a região lesionada e trabalhando com o fortalecimento do centro de força e da mobilidade articular do resto do corpo, mantendo o atleta em atividade para que não diminua completamente o condicionamento já adquirido.

     Numa fase posterior de recuperação, o fortalecimento da musculatura anterior da perna e coxa e o alongamento da musculatura posterior, bem como seu correto alinhamento e a correção do gesto esportivo, reeduca a postura e prepara o atleta para a volta aos treinos.

     É importante lembrar que se deve procurar avaliação médica quando ocorrem dores após os treinos que não cessam depois do período de repouso de uma semana, ou quando ocorrem dores no início do treino, desaparecendo após o aquecimento e retornando após o término do exercício.

     O tratamento adequado e precoce evita lesões mais graves, possibilitando a recuperação e a correção dos desequilíbrios e restaurando a biomecânica correta para uma corrida eficiente e segura.


*Por Cristina Abrami é fundadora e Diretora Técnica do CGPA Pilates e formada em Educação Física pela USP.

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